la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry
quem sou? de onde vim? para onde vou? o que faço aqui? como faço o que tenho de fazer aqui agora que vim dali? tenho mesmo de fazer algo? dormi e acordei. nesse momento o gato roça-se nas minhas pernas. por vezes, o telefone toca para bons dias. o café é certeiro, seguido do primeiro cigarro que é só meu! ontem perguntei o que ia fazer para onde ia. sabia que tinha de ir para lá. fui. nem por isso labutei até suar. mas a safra fez-se, para minha surpresa. o corpo ameaçava ruir. não ruiu. ficou um sinal residual que se transformou em tosse. mea culpa. como é possível que façamos o que tem de ser feito em condições destas é daquelas coisas que me faz andar para aqui com expressão de espanto. ora! o mais certo era que o dia de trabalho corresse mal. tinha a certeza disso quando pus a chave na ignição. "não vás, margarete!", pensei. e fui. na correspondência havia mais divulgação daquelas reuniões em que se fala do estado/filosofia/filogenia/etc. da Arte, agoniei quando li o papel pretencioso. reforçou-se a certeza de que o dia correria mal. vi os emails. escrevinhei dois e enviei uma msg. chegou a aprendiz de aprendiz e dissémos "bomdia". falámos com os clientes, alguns retribuiram, outros não. correu bem. mas o sono, oh! o sono. tanto sono! bocejei à frente da aprendiz de aprendiz, à frente dos clientes e à frente das mais altas patentes da hierarquia. o sono não obedece a diplomacias. almocei e bocejei. fui ao tasco da tarde e bocejei. falei com os clientitos da tarde, alguns retribuiram, outros não. correu bem. mas oh! o sono! mais duas ou três tarefas. e o sono. depois o café previamente comprometido. bocejei enquanto ri. o serão aconteceu como planeado, e eu bocejei enquanto bocejava. à noite... o meu sonho tornou-se realidade. e ainda por cima hoje voltei a acordar. fico tão assarapantada, talvez o amanhecer seja algo banal, mas não sei se alguma vez deixarei de achar que é um fenómeno assombroso. sei que são essas coisas que me dão vontade de subir às árvores (mesmo sem saber o nome delas). não tardo muito.


I'm sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com












































Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro