A nascente, está uma enorme e linda lua
É também de branco que amanhã me irei vestir.
O despojar dos hábitos negros e a recusa do langor dos dias.
A Desarticulação da noite e das estrelas. E também as luzes dos barcos no horizonte.
Cria-se assim o combustível que será sustento da senda,
da trajectória indefinida, da rota dos que se perdem para se encontrar.
Continuar acordada, onde o tempo é mais lento e a procura
de outro despertar, remete-nos para outro poema que começa:
“É nesta quietude
que tudo se sonha
para os dias
em que tudo acontece”
Preparam-se assim os amanheceres de luzes difusas,
enevoadas, e as fantásticas nebulosas.
Antecedidos de noites de desalento,
sentada no sofá lendo a lua
e os desejos na imensidão de um céu uno e indivisível
agora magnificamente desmembrado.
Ao crepúsculo, restarão as sombras,
cinzas etéreas do dia consumido.
O chão, no prolongamento da linha perpendicular ao horizonte esbate-se e transforma-se em mar.
O mar das lágrimas abandonadas.