la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

bodies




Religion was a lie he had recognized early in life, and he found all religions offensive, considered their superstitious folderol meaningless, childish, couldn’t stand the complete unadultness – the baby talk and the righteousness and the sheep, the avid believers. No hocus-pocus about death and God or obsolete fantasies of heaven for him. There was only our bodies, born to live and die on terms decided by the bodies that had lived and died before us. If he could be said to have located a philosophical niche for himself, that was it – he’d come upon it early and intuitively, and however elemental, that was the whole of it. Should he ever write an autobiography, he’d call it The Life and Death of a Male Body.

in Everyman, Philip Roth


photo de Sandra Ferrás

[ sempre ] palavras à cabra cega *


Eu fugia e apanhavas-me
Sempre
Eu fugia e sabia
Que me apanharias sempre

Sempre é assim
Que gosto de dizer

De cada vez à fuga
Digo que é efémera

Para sempre.





Providence, Rhode Island, Francesca Woodman
* obrigada ao Pedro pela dica para o título ;)

approved for all audiences

Sunny Day
Sweepin' the clouds away
On my way to where the air is sweet

Can you tell me how to get,
How to get to Sesame Street

Come and play
Everything's A-OK
Friendly neighbors there
That's where we meet

Can you tell me how to get
How to get to Sesame Street

It's a magic carpet ride
Every door will open wide
To Happy people like you--
Happy people like
What a beautiful

Sunny Day
Sweepin' the clouds away
On my way to where the air is sweet

Can you tell me how to get,
How to get to Sesame street...
How to get to Sesame Street
How to get to...





Sesame Street by Martin Scorsese

[ fórmulas lógicas ] [ <=> ]

O sujeito e A funcionalidade:
motricidade fina versus intenções em bruto
=>
implicação equivalente a ternura esculpida.
Um poema.

still do filme Edward Scissorhands

série histórias de sucesso

quero ler um ovni

ou dois, ou três...

o tempo [ ser neste Inverno ]

As sensações aparentam
regulação sadia

a pele descasca do frio
é natural

do final do Verão
esta tira de gordura
amanhada
no calor nascente da Primavera

Vês?
As impressões crescem a olhos
nus

o frio bate-me o corpo
estalo a medos
e atiro-me ao mergulho
embora do Outono encantado.









untitled, Francesca Woodman

"sermos" [ ser ausência e excesso ]

O Natal, a grande festa doméstica de Inglaterra, foi este ano triste – dessa tristeza particular que oferece, por um dia de calma ardente, a praça deserta da vila pobre, ou dessa melancolia que infundem umas poucas de cadeiras vazias em torno de um fogão apagado, numa sala a que se não voltará mais…
O que nos estragou o Natal, não foram decerto as preocupações políticas, apesar da sua negrura de borrasca.
(…) o que nos estragou o Natal, foi simplesmente a falta de neve. (…)
Aqui estamos sobre este globo há doze mil anos a girar fastidiosamente em torno do sol, e sem adiantar um metro na famosa estrada do progresso e da perfectibilidade: porque só algum ingénuo de província é que ainda considera progresso a invenção desses bonecos pueris que se chamam máquinas, engenhos, locomotivas, etc., e essas prosas laboriais e difusas que se denominam sistemas sociais.
No dois ou três primeiros mil anos de existência trepámos a uma certa altura de civilização; mas depois temos vindo rolando para baixo numa cambalhota secular.
O tipo secular e doméstico de uma aldeia Ária do Himalaia, tal como uma vetusta tradição o tem trazido até nós, é infinitamente mais perfeito que o nosso organismo doméstico e social. Já não falo de gregos e romanos: ninguém hoje tem bastante génio para compor um coro de Esquilo ou uma página de Virgílio; como escultura e arquitectura, somos grotescos; nenhum milionário é capaz de jantar como Lúculo; agitavam-se em Atenas ou Roma mais ideias superiores num só dia do eu nós inventámos num século; os nossos exércitos fazem rir, comparados às legiões de Germânicos; não há nada equiparável À administração romana; o boulevard é uma viela suja ao lado da Via Ápia; nem uma Aspásia temos; nunca ninguém tornou a falar como Demóstenes; e o servo, o escravo, essa miséria de antiguidade, não era mais desgraçado que o proletário moderno.
De facto, pode-se dizer que o homem nem sequer é superior ao seu venerável pai – o macaco; excepto em duas coisas temerosas – o sofrimentos moral e o sofrimento social.
Deus tem só uma medida a tomar com esta humanidade inútil: afogá-la num dilúvio. Mas afogá-la toda, sem repetir a fatal indulgência que o levou a poupar Noé; se não fosse o egoísmo senil desse patriarca borracho, que queria continuar a viver, para continuar a beber, nós hoje gozaríamos a felicidade inefável de não sermos

O Natal, retirado de "Cartas de Inglaterra"
Eça de Queiroz



imagem do filme ainda há pastores
blog - sinopse do filme

iupiiiii!!!

maggie e a espiritualidade

boas festas!



diz que... ouvi dizer... o que é preciso... é entrar no espírito ;)

[ 'cause we are all scrooge's ] [ merry xmas]

Paz! A porta bate e fecha com tudo o resto lá para fora, mas, a entrar desalmadamente pelas frestas, o tudo afinal vem também. Assumo as toadas que oiço na rua e trago as luzes a piscar na córnea. Gosto dos papéis coloridos e das árvores folclóricas. Não lamento a ausência cada vez mais carpida do menino Jesus mas entristecem-me árvores design. Se uma árvore de natal deve de ser então que seja sem modos nem elegância. Cor.
A família deseja uma noite serena, assumindo ainda a curiosidade à volta da mais pequena “que ela agora já percebe esta coisa das prendas”. A família quer que conduza com cuidado e que chegue sã.
Inevitavelmente, e tal como a Scrooge, acontece a visita aos Natais. Os Natais Passados, o Natal Presente e os Natais Futuros, a época com data marcada no calendário para a forçosa revisita e cogitação, têm o apanágio de serem enfim iguais. Antes, agora e depois, tudo o resto também é comum, afinal.
A família quer que chegue sã. Tomarei as devidas precauções para chegar de corpo inteiro.


still do filme Freaks, para ti, Manel ;)



Ao chegar, o meu desejo também é encontrar a família sã.

[ minhas ricas prendas ]

hope

photo de Sandra Ferrás

the siren songs, anywhen

A historia do homem que se foi fazer eremita e levou um kit de regresso

- Ainda não decidi o que devo levar no kit, talvez uma 'gillette'…?, pensou o homem. A decisão não levou muito tempo a ser tomada, não que houvesse pressa, com certeza que a montanha não sairia do lugar. O homem foi, na montanha construiu uma casa à medida dos seus costumes aprendidos: telhado e paredes, ou antes, fundações, paredes e telhado (com os respectivos pilares - as coisas das leis da Física). Não decorou a casa, é certo que às vezes arrancava flores que espalhava pelo chão, enganava-se dizendo-se que era uma espécie de desinfectante natural. O homem não trabalhava muito para sobreviver, de vez em quando passava um dia inteiro à cata de lenha, mas essa era a única tarefa necessária e inadiável. Vivia junto a uma nascente e havia muito alimento de fácil acesso. Eram bons os dias na montanha.
Um dia o homem olhou para o chão. Riu-se tanto a olhar para o chão que ecoava por todo o espaço aberto. Eram muitas gargalhadas, de cada vez que tentava acalmar dava uma gargalhada maior. Se alguém tivesse conseguido ouvir aquelas gargalhadas de repetição, seria incapaz de não rir também, mesmo sem saber o motivo de tal folia. (eu, mesmo sendo apenas a narradora, gostaria de ter ouvido esse riso) Quando conseguiu acalmar, o homem olhou naquele que entendeu ser o sentido oposto do chão - a parte interior do telhado, não queria correr o risco de continuar a rir assim, acabaria por sofrer um chilique fatal. Foi nesse instante que o homem sofreu angonia. Percebeu aquilo que decidiu considerar uma percepção do seu fundamentalismo e gritou – Por alma de quem é que eu designei que não posso assumir que ponho aqui as flores simplesmente porque acho bonito? Por alma de quem?! Estúpido! Estúpido ser! Apressou-se a abrir o kit de regresso e quedou-se estupefacto, esquecera-se de juntar espuma de barbear. Outra gargalhada.
- Está-se bem por aqui, murmurou recostando-se num dos pilares da casa. É certo que conseguiria fazer espuma dalguma "erva" que por ali encontrasse, pensou, foi então que se lembrou dos esforços. - Não me apetece aparecer assim. Ah, as gentes… e eu e a engrenagem. Ui... a cativação uns dos outros, barbudo como estou dar-me-ia muito trabalho. Certamente. Suspirou com careta saudosa. Riu e assustou-se, talvez viesse aí um novo acesso de riso e não sabia se desta vez sobreviveria. Não foi necessário fazer esforço para se controlar, riu e foi buscar mais flores.

dos arquivos, sem pó

Sorvendo a borra da sua própria chávena, Sabbath levantou finalmente o olhar do submerso erro crasso que era o seu passado. Por acaso o presente também estava em curso, construído dia e noite como os navio-transporte de tropas em Perth Amboy durante a guerra, o venerável presente que recua até à Antiguidade e prossegue a direito da Renascença até hoje – era a esse presente sempre-a-começar e interminável que Sabbath renunciava. Acha repugnante a sua inexauribilidade. Só por isso devia morrer. E depois, que importa que tenha levado uma vida estúpida? Qualquer pessoa com alguma inteligência sabe que está a levar uma vida estúpida mesmo enquanto está a levá-la. Qualquer pessoa com alguma inteligência compreende que está destinada a levar uma vida estúpida porque não há outra espécie de vida. Não existe nada de pessoal nisso. No entanto, lágrimas infantis marejam os seus olhos quando Mickey Sabbath – sim o Mickey Sabbath, daquele bando selecto de setenta e sete mil milhões de idiotas de primeira apanha que constituem a história humana – diz adeus à sua unicidade com um meio entaramelado e profundamente dolorido «Quem liga a mínima?».


Philip Roth in Teatro de Sabbath

regresso

palavras-chave: branco/ paralelepípedo/ riso/ embondeiro/ invenção/ jogo/ transformante(s)/ Soberba/ alforge/ mula/ claridade/ loucura/ apelido/ desejo // // // // luz//





I see a darkness, Bonnie 'Prince' Billy

justiça

branco




b r e v e m e n t e

google rules

[ em auxílio libertino de um amargo de boca ]

Vou dizer-te
do percurso
perverso
Como fazê-lo.

Vendo receitas.

Num acto de pura
malvadez generosa
Concedo-te esta
de graça, sem graça.

Poderás proceder
à tua vingança

Se te sentires em dívida

Retribuis-me
Com o doce sabor
na tua boca.


t r a i ç ã o

na nova minguante

[ sossego ]

Rien de rien!
Fechou a porta acenando-lhe um beijo da palma da mão sentindo aquele enorme sorrir de dentro após o prazenteiro corpo. Pegou na garrafa dirigindo-se ao frigorífico, abriu a outra garrafa, riu e atirou-a ao chão. O chão ficou-se ali de vidros e borbulhas tónicas espalhados. Rien de rien! Sentou-se deitando o corpo com o copo puro de vodka despejado pela goela abaixo à medida que tomava sem métodos cada uma das pílulas. Sentira muitas felicidades, mas esta era sem sombra de quaisquer dúvidas a mais feliz de todas. Assegurou-se uma vez mais de que o melhor fora as risadas. Arrependeu-se de algumas ignorâncias, não saber falar francês, por exemplo. Continuou a rir com a vontade de quem entrevê a liberdade, quase a verdade. Engoliu todas e passou à faixa seguinte.
Tão feliz. En rose! La vie! Mort.


Rien de rien et La vie en rose, Edith Piaf

[ sobre mérito, intempéries e generosidade ]

É agora que afinal
não descanso

sem saber de onde
não aprendo

chega-te que estou crédula

as últimas lágrimas
a cair ainda
estão secas

na minha face
se for preciso
estou a acreditar

que vens aí
trazes-me uma casa onde descanso.



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space oddity, David Bowie

photo

série Personagens [ Osvaldo ]

o Pedro traz-nos mais uma personagem [ Osvaldo ]

também no cinzel [ Luísa ]
:)

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série Personagens aqui no acknowledge yourself [ Paula ] [ Ricardo ] [ Ramiro ]

[ despertar ]

desce as escadas a correr
acordou na urgência
de inventar
brinquedos




I'm sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com












































Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro