la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

cegarrega da pele [ e das mãos ] [ e dos olhos ] [ cegarrega do tudo - o que conheces. é corpo aqui ]

a pele foi um tudo, pensou. o tudo, um nada.

a pele gasta-se do mesmo modo que as palavras. deverá ser lambida para que não desvaneça. a língua alarga ou bifurca se percebe o pescoço ou o ventre, respectivamente (ou os lábios). a língua sabe, luta com os lábios para que se mantenham retraídos dos beijos. os lábios unem os movimentos de protrusão com os impulsos da língua. e os corpos começam. e os corpos sabem onde se começam. e os corpos sabem por onde começar. começa, assim. as mãos tremem de temer a sede. as mãos as mãos. as mãos cumprem a obrigação que o seu desejo lhes diz em ordem. as mãos são bem mandadas. as mãos distraem-se com sorrisos. os sorrisos dão lugar aos corpos todos tudo e eis que o som é invasor por defesa do arrebatamento.
os sorrisos são depostos pelos beijos. os corpos não fazem malabarismo porque são corpos que são só corpos. animais. as mãos bem mandadas, dadas, fazem o que lhes apetece. os corpos são estes corpos livres pois que sabem que não há lugar para a ciência aqui onde os corpos são estes corpos livres. (pronunciar habilidade seria profano.)
as mãos são isso, lambem a pele. a pele fede. as mãos agarram o aroma (tem pele).


photo: Annie Leibovitz


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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro