la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

numa casa portuguesa, concerteza

O convidado

É verão no fim da tarde, ao canto das cigarras
o chão é um vulcão adormecido
delira um vaga-lume: há luz em Marte
e o jantar ainda não foi servido

Condensam gotas de água sobre o copo
o pó afaga o brilho da mobília
e pousa no retrato de família

Protestam as fissuras do sobrado
no rodapé descalço das andanças...
chegou o convidado!
chegou o convidado!

Servida foi outra taça de vinho
à mesa só ficou uma migalha
no linho da toalha

Resvala já o sol no horizonte.
vencida sai a noite pela janela,
duelo à luz da vela

Já dormem as faianças na cozinha.
apaga-se a mortalha no cinzeiro
que bem que sabe o licor da madrinha

O eco mede o espaço entre as lembranças
e o tempo salta à corda do relógio
do quarto das crianças

no quarto das crianças

José Moz Carrapa (letra) João Afonso Lima (música/ interpretação)


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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro