la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

as gajas

depois de tratar dos meus afazeres de cidadã, dei por mim dentro duma loja de roupa, não me lembro de ter entrado, lembro-me de dar por mim com uma saia na mão:
moça da loja: qual é o tamanho?
eu: ah! desculpe, só estava a ver, não venho para comprar
moça da loja: ora essa! não tem de comprar, mas experimente, tenho a certeza de que lhe fica bem
eu: (a pensar: carago! porque é que tens sempre de pedir desculpa? esta gaja será simplesmente simpática ou será golpe de marketing?)
moça da loja: é o tamanho ##?
eu: sim.
moça da loja: vou buscar
enquanto espero vou espreitando mais roupa, a moça volta...
eu: olhe, já agora, também experimentava estas*, estes calções**, este vestido e este top
lá foi a moça da loja toda solícita buscar as peças para eu vestir
vesti, olhei-me ao espelho, não me olhei ao espelho como olho no trabalho, olhei-me ao espelho, gostei, curti as formas, apeteceu-me comprar mas a lucidez e eterna castração impediram-me, não fá'mal! deu-me gozo que todas as peças me ficassem bem; acho graça a este fenómeno do ser social, como determinados cortes da roupa nos despertam os sentidos :)
* nunca sei se se chamam corsários ou calças pirata ou, simplesmente, calças curtas
** daqueles calções curtos estilo menina de calendário Dunlop


I'm sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com












































Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro