la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

quem disse que o aborto é um momento de felicidade na vida da mulher?

Que eu tenha ouvido até agora, ainda ninguém disse que o aborto é um momento de alegria na vida de uma mulher. Anyone… ?
Como o entendo, a decisão e concretização do aborto é um momento que envolve questões essenciais da vida da mulher, jamais o entenderia para mim como algo positivo mas como uma eventual solução.
Nunca ouvi alguém dizer que o dia em que abortou foi um dia feliz, já ouvi relatos de pessoas que disseram ter sido um alívio, a melhor decisão que poderiam ter tomado nessa altura da sua vida, etc.

Faço um pedido aqui no ar: alguém me linka ou envia as bases científicas do Professor Vaz Serra, sff?
Leiga como sou, tenho muitas dúvidas, muitas! Certamente que as verei esclarecidas ao ler os ditos estudos em que se garante as consequências psicopatológicas nas mulheres que praticaram a interrupção voluntária da gravidez. São estudos científicos, ora!
Com certeza que verei esclarecidas as minhas dúvidas! Por exemplo:

# se os estudos com base científica dizem que “É mentira dizer que nenhuma apresenta trauma pós-aborto” então é porque é mesmo! De certezinha absoluta que usaram uma amostra fidedigna de mulheres que abortaram na clandestinidade correndo o risco de serem acusadas, julgadas e encarceradas, mulheres que vivem numa sociedade que é baseada na hipocrisia e na culpa judaico-cristã.

# se os estudos com base científica dizem que "o número de mulheres com possibilidade de desenvolver uma depressão é três vezes superior entre as que foram submetidas a um aborto, comparativamente com as que nunca o fizeram." é porque o estudo comparou cientificamente grupos de mulheres nas mesmas condições socio-económicas: um grupo teve intenção de aborto e não o realizou ( hoje devem ser todas felizes, nenhuma sofreu de depressão pós-parto, etc, huh?), no outro grupo as mulheres realizaram a interrupção da gravidez (hoje são mulheres – 3x+ - deprimidas… e absolutamente desestruturadas porque realizaram uma aborto?).
Ah! As mulheres do segundo grupo não apresentam o quadro clínico que o professor refere porque ter-se-ão vistas numa vida de clandestinidade pelo que entendem ser o direito à escolha delas, não, isso não é uma variável que interesse ao estudo, penso eu… sei lá... também não deve ser muito relevante o facto de que a as amostras tenham sido eventualmente recolhidas entre grupos de apoio de mulheres que se arrependeram de o ter realizado. Por acaso já tinha ouvido falar de mulheres para quem o aborto fui uma solução, a única solução possível nas vidas delas, mas devem todas ter-se arrependido entretanto, ou então são só 0,001 % da população de mulheres que realizou a interrupção voluntária da gravidez. Não acho possível que tenham manipulado a amostra, não pode ser, é um estudo científico! Sabem quantos abortos se realizam em Portugal - sim, Portugal, porque é das mulheres portuguesas que falamos, a sociedade em que se insere a população em estudo do risco de depressão é uma variável a controlar, não é? Ou não é, e isto sou eu, leiga, a meter o bedelho nos assuntos dos Professores e deveria era estar caladinha? De certeza que sabem que abrangeram as possibilidades da população na amostra, de certeza!
Quanto às mulheres, essas tantas mulheres, a maioria, quiçá todas as mulheres, que foram coagidas a fazer o aborto… pá, é lixado! Quer dizer que as mulheres não fizeram a interrupção da gravidez em consciência?! Foram coagidas?! Que horror!
Ai! Ai! Estas mulheres tontinhas, cabecinhas no ar!

Estes professores é que nos valem! Os professores deste calibre científico são a melhor coisinha que nos podia acontecer, já viram o flagelo que era se não nos tivessem vindo mostrar que as mulheres que praticaram abortos estão deprimidas e que as que tiverem os filhos são felizes daqui até ao céu?! Na certa vão mesmo ganhar o céu!
Aleluia!

I'm sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com












































Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro