fui ver o que dizem, li muita coisa, fiz até a tontice deste exercício, responder às questões do movimento nao-obrigada
o movimento apresenta o seu manifesto a roxo e cor-de-rosa, respondo a preto neste branco
1. O aborto encontra-se despenalizado em Portugal desde Para impedir que mulheres não sejam humilhadas e presas por exercerem o direito de opção ao encontrar-se numa situação não desejada por si. Eu não serei a praticante de demagogia perante uma mulher adulta que terá reflectido sobre os seus motivos ao decidir não ter um filho não-planeado. Circunstâncias indesejadas acontecem e devem ser resolvidas, havendo meios para isso. 2. O progresso e a evolução da ciência permitem hoje um conhecimento e acompanhamento do desenvolvimento do feto no seio materno acessível a todos. O feto não é um ente oculto, mas um ser humano conhecido e directamente observável. Como justificar a liberalização do aborto? A lei vigente permite o aborto em determinadas situações, então… vai contra a vida também, então… a actual lei já permite o aborto, assim pode dizer-se que a lei não defende um ser humano conhecido e directamente observável. Talvez o passo seguinte dos movimentos do NÃO seja a alteração da actual lei para a total penalização(?!) Pela definição que estou a entender neste contexto, não, de facto, há que fazer um movimento pela penalização total do aborto… já agora, e as crianças cujos pais abortaram por saber que seriam portadoras (a nascer, claro) de trissomia 21? E as crianças inocentes só porque o pai violou a mãe? São menos vida, senhores do NÃO à despenalização? O aborto já é financiado pelos contribuintes, assim como tratamento de mulheres com complicações após abortos realizados na clandestinidade. Os custos de julgamento e prisão de mulheres que realizaram abortos financiados pelos contribuintes? 5. O aborto tem efeitos destrutivos na vida das mulheres, deixando muitas vezes danos físicos e psíquicos irreversíveis. O aborto é uma falsa solução. O aborto é uma solução para a mulher? Bem, segundo este pressuposto… Proíba-se então TOTALMENTE o aborto… seja quais for as condições. Danos físicos e psíquicos irreversíveis? Cuidado com as generalizações e manipulação da informação. E a obrigação a uma situação de vida irreversível? Não deveriam ser? Resolve SIM, a exposição pública e humilhação de mulheres que decidiram e agiram segundo sua própria consciência com a agravante de serem punidas (isto se os juízes aplicarem a lei, que é o que eu espero que um juiz faça, seja qual for a sua – e a minha - opinião enquanto cidadão: aplicar a lei vigente) A penalização do aborto resolve algum problema económico ou social? nota: acho curiosos esses números que revelam a quantidade de aborto clandestinos realizados… Essa rede de solidariedade e apoio social financia a vida das crianças das mães pobres? Essa rede de solidariedade e apoio social, lamento mas não serve para mim, pois parte do pressuposto de que a mulher tem de manter a gravidez indesejada, a única solução que considera é a manutenção da gravidez em causa, não respeita a capacidade de decisão da mulher sobre a sua vida e pode ser muito danosa na manipulação das mulheres. Essa rede de solidariedade e apoio social não respeita a mulher enquanto ser consciente e responsável. O Estado? Desejo que eduque os jovens, não desejo, de todo, que o Estado tenha uma acção demagógica sobre decisões da minha vida como tem essa… rede. Só faltava isso na minha liberdade. Sou solidária com o desgosto que possa ser para um homem não poder interferir na decisão, mas, já agora… paridade e igualdade de direitos é uma mulher ter um filho indesejado porque o homem não concorda com o referido aborto? Era mesmo só que faltava nos meus deveres de cidadã. A despenalização do aborto não promove o facilitismo e a desresponsabilização, mas promove a possibilidade de legalizar a realidade já existente dignificando as mulheres obrigadas a agir em clandestinidade, façam o favor de não chamar irresponsáveis às mulheres activas e contribuintes deste país. Uma sociedade que se pretende mais “solidária e comprometida com o bem comum” não é demagógica e assume que existem situações indesejáveis que ocorrem às pessoas, essa sociedade não deverá obrigar as pessoas a prosseguir com essas situações indesejadas se existe a possibilidade de solucionar as mesmas. |
Por estas razões, a Plataforma defende que neste referendo os portugueses devem: Dizer não à alteração da lei do aborto - Eu digo SIM Dizer não à liberalização total do aborto até às 10 semanas - Eu digo SIM Contribuir para uma sociedade que proteja a vida do nascituro - E a protecção da vida da mulher que já existe? Impedir que o Estado aplique impostos a financiar o aborto - Com que dinheiro são pagos os cuidados a mulheres que realizaram abortos clandestinos e que sofreram complicações? Já agora, retire-se esse financiamento, não? Impedir que as mulheres sofram danos físicos e psíquicos - E os danos por se ser obrigado a seguir um rumo de vida que poderia ser alterado, não se considera? Promover a protecção da mulher e o apoio à maternidade - Concordo plenamente. Mas isso o que tem a ver com o facto de existir mulheres que desejam abortar… em legalidade? Promover o planeamento familiar responsável - Concordo plenamente. Mas isso o que tem a ver com o facto de existir mulheres que desejam abortar… em legalidade? Contribuir para que o número de abortos não aumente - Concordo plenamente. Mas isso o que tem a ver com o facto de existir mulheres que desejam abortar… em legalidade? Apoiar a intervenção de instituições de ajuda às mulheres grávidas - Concordo, embora ache que é obrigação do Estado essa função directa. Mas isso o que tem a ver com o facto de existir mulheres que desejam abortar… em legalidade? Promover a igualdade do pai e da mãe na decisão sobre a gravidez - Tirar o direito da mulher à decisão soberana sobre o seu corpo e deixá-la subjugada à vontade do homem, portanto. Resistir ao facilitismo e à desresponsabilização da sociedade perante a maternidade - Demagogia e hipocrisia? Agora digo eu: NÃO, obrigada. |
Lendo as razões do NÃO à despenalização do aborto chego a duas conclusões:
#1 embora seja muito complexa a questão do aborto, sou, definitivamente, a favor da sua despenalização
#2 afinal, a principal tarefa dos movimentos do NÃO deveria ser a proposta da total penalização do aborto.