la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

um dia, muitas vezes, as vozes ruminam "não sois vós, sou eu"

Surgiu-me e escrevi, era o fazedor de composições
a mascar-me ao ouvido palavras surdas. Falsificava
vogais para fora e deixava cair migalhas, juntei-as
num molhe de fones e fiquei cá a gargarejar. Era o
medo de ver que lia alto a maus tons os que nunca
fugi de esconder. Armadilhei a folha com borracha,
mas a carga do lápis expunha-se nos socalcos. Com
tanta força cerrei os olhos, mas maus, inoportunos,
os dedos palparam tudo até à exaustão do susto. Ó!
O meu tronco tremeu tremelicou no mundo mudo e
enfim girava à minha volta. Eram os ditados de não
querer falar do que falhou e eu não latia. As cinzas
nas pontas das unhas ainda mancham tudo o que aí
toco. Não sois vós, sou eu, disse o fazedor a mascar.

I'm sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com












































Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro