la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

{...}

Se sinto as pestanas choro muito por aí além.
Ando cheia de sono de ti e penso que é o desfecho
de ter a pança a dormir nas horas em que te amo.
Há bocado andava por além do que deveria ser
o dia a clarear e enchi muitas palavras que não sei
apalavrar. Não saltei na preocupação quando
o doutor me diagnosticou os pingos de mulherio
carpideiro que se esboçavam na cópia do meu peito.
Respondi-lhe
doutor, perdi a esperança sei que ela é mais feliz.

Na outra semana encontrei-a, ia garrida rodada de
Autonomia. Perguntou-me por mim e mostrei-lhe.
Confirmámos que a fé não era irmã dela, ela é mais
contente. Escusámos o resto do tema e rimos do
poemário que arrebentava nas suas saias. Não
demos mãos nem comemos gelados ou chocolates.
Mostrei-lhe que não trago nada senão o que tão
perto estava aqui.

À verdade, o doutor respondera que faço muito bem,
nem fiquei feliz, ora, já sabia! Esperança troçou da
contra-resposta e riscava bolas cheias de olhos na
areia, disse que eram nada fechados e apagou-os.
Gostava das bolas na areia e tiveram o seu tempo.
Esperança perguntou se eu sabia e claro que não.
Como poderia saber explicar se não sei a explicação
nas horas em que te amo.




Mary Ellen and Hand, Ralph Gibson

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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro