la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

(ecos)

« A VIDA ANTERIOR

Muito tempo morei sob os mais amplos pórticos
Tingidos de mil cores plo sol daquele mar
E à noite transformados em grutas basálticas
Pelos seus gigantescos pilares majestosos.


(...)
Foi lá que vivi, em voluptuosa calma,
No meio do azul, das ondas, de esplendores
E de escravos tão nus, impregnados de odores,

Que me iam refrescando a testa com as palmas,
Não tendo outro cuidado excepto descobrir
O amargo segredo que me enlanguescia. »

* * *
« A MÁSCARA
(...)
- Ela chora, insensata, porque tem vivido
E viva ainda está! Mas o que mais deplora
E o que a faz tremer na mágoa mais atroz
É saber que amanhã viverá como agora!
Amanhã e depois e sempre! - como nós! »
* * *
« SEMPER EADEM
(...)
Esta dor muito simples, nada misteriosa,
Como a sua alegria, todos a conhecem.
Não tente saber mais, ó Bela curiosa!
E, embora a sua voz seja doce, eu lhe peço:

Cale-se, ó ignorante! alma sempre aturdida!
Boca infantil a rir! Mais ainda que a Vida,
É a Morte a prender-nos com subtis tramas.
(...) »
* * *
« TODA INTEIRA
(...)
Ó metamorfose mística
Dos meus sentidos todos num!

(...) »
* * *
« CONVERSA
(...)
- Sobre o meu peito, em vão, escorrega a tua mão;
(...) »
* * *
«SPLEEN

Memórias tenho mais que tivesse mil anos.
(...) »
* * *
«SPLEEN
(...)
Quando a chuva, ao espalhar as suas cordas de água,
(...) »
* * *
«PAISAGEM
(...)
é que eu vou estar imerso na doce volúpia
De evocar a meu bel-prazer a Primavera,
Extraindo um sol do peito e fazendo de tudo,
Até do que em mim arde, a mais morna atmosfera.»
* * *
«OS SETE ANCIÃOS
(...)
Minha razão bem queria pegar no leme
Esforços logo vencidos pela tempestade;
E a minha alma dançava, dançava, escaler
sem mastros, naquele mar monstruoso e sem margens!»
in As Flores do Mal, Charles Baudelaire

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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro