la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

beware, she's got a blue pencil

a leitura, como qualquer outra actividade, naturalmente que acompanha o ritmo da nossa vida. sem fazer uma retrospectiva da minha história de leitura, refiro apenas que o ano passado foi sui generis - nunca comecei tanta leitura que depois interrompi, se o entusiasmo não surgisse logo às primeiras páginas arrumava o livro; não faço listas dos livros que li, no entanto, por curiosidade suscitada num local de leituras onde vou, dei por mim a olhar as minhas prateleiras e a perceber que o ano passado foi um bom ano de leituras, tive muito prazer e li mais do que em qualquer outro ano. felizmente, e à custa de algum esforço a que me submeti, consegui abrandar o ritmo com deixo livros arrumados a um canto em início de leitura. para isso tive de deixar de ler vários livros ao mesmo tempo que era um hábito adquirido há já alguns anos. agora parece que encontrei um equilíbrio, continuo a interromper livros (mas não tantos) e voltei a ler mais de um livro ao mesmo tempo (mas não tantos); a poesia está tão bem que me reservo o silêncio;
todo este parágrafo para iniciar o que realmente quero dizer:

ontem foi dia de novidade! tenho gostado bastante de o ler Vergílio Ferreira, alguns livros dele estão marcados e sublinhados de uma ponta à outra; sim, eu sublinho, dobro, escrevo, até já rasguei páginas a livros para me acompanharem no bolso(!), há quem julgue heresia, esta é a forma com que eu vivo os meus livros, por isso o drama de eu não poder pedir emprestado; ora, ando a ler PENSAR do Vergílio Ferreira, e caiu por terra o ritmo de leitura dos outros livros dele, acima de tudo não gosto da forma como se dirige, a sua linguagem no texto - discurso da mensagem, do ensino; (porém, tem mérito de estar sublinhado e anotado nalgumas passagens) ontem dei por mim irritada, sem pensar fui buscar um lápis de cor azul e passei a rasurar passagens, parágrafos inteiros, percebi que a leitura passou a fazer mais sentido, como que uma encarnação da censura interior que eu ia resmungando entre algumas frases que sublinhava. Voilá! encontrei a minha estratégia para lidar com a incongruência que eu interpreto, posso fazê-lo e fá-lo-ei tantas vezes quantas as que me aprouver.

I'm sandra aka margarete ~ acknowledgeyourself@gmail.com












































Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro