Em marte aparece a tua cabeça
Em marte aparece a tua cabeça -
eu queria dizer. No lugar onde
desapareceu a janela,
a cabeça de vaca de fogo, aparece
a cabeça. Onde era a cortina fria,
de pássaro escutando.
Em marte, como a roupa bate o vento,
e na terra as ferraduras batem
no meu cabelo.
Como o fogo dentro da pedra turquesa,
em marte aparece a tua
cabeça de vaca. Por detrás da fria cortina -
eu queria dizer.
Agora sei que devo saber, só.
As letras da chuva louca nas costas -
escrevendo, escrevendo.
Só, eu sei a dormir. Com um ramo
de peixes e um violino
no meio dos ll, dos mm, dos ii
da chuva.
Com meu ramo de violinos, só eu
no meio da chuva. Agora
sei que devo escrever os meus peixes.
Para ti, a tua cabeça
aparece na janela de marte em fogo.
Em marte aparece a tua cabeça -
eu queria dizer. No lugar onde
desapareceu a janela,
a cabeça de vaca de fogo, aparece
a cabeça. Onde era a cortina fria,
de pássaro escutando.
Em marte, como a roupa bate o vento,
e na terra as ferraduras batem
no meu cabelo.
Como o fogo dentro da pedra turquesa,
em marte aparece a tua
cabeça de vaca. Por detrás da fria cortina -
eu queria dizer.
Agora sei que devo saber, só.
As letras da chuva louca nas costas -
escrevendo, escrevendo.
Só, eu sei a dormir. Com um ramo
de peixes e um violino
no meio dos ll, dos mm, dos ii
da chuva.
Com meu ramo de violinos, só eu
no meio da chuva. Agora
sei que devo escrever os meus peixes.
Para ti, a tua cabeça
aparece na janela de marte em fogo.
O fogo que anda em ti que andas como uma
pedra turquesa,
ao lado da fria cortina. Olhando, escutando
como um pássaro, onde chove.
Como só agora sei com as letras.
A chuva abre-te, o dia bate, a roupa
tropeça com as ferraduras
no meu cabelo. E só agora fazes
teu gesto com chuva, no meio das letras.
Abre-te, oh abre-te. Na cortina,
agora, a tua cabeça ao lado dos peixes -
escutando, escrevendo,
como só agora sei: o meu ramo
de violinos
Escuta: um copo, a catedral, o livro,
o candeeiro.
Eu agora sei escrevendo ao lado o fogo
da cabeça. Escuta: descasco
maçãs, como maçãs, as maçãs
aparecem na sua cor no meio - e juntam-se
entre si, e vão sonhar. Escuta:
chovendo, escutando, escrevendo.
A roupa bate no vento.
Escuta como só agora bate a cor
nas maçãs. A tua cabeça, a cortina fria.
Dou-te as letras dos peixes, escutando -
só agora, só agora.
Escutando em ti, abrindo
com a tua chave todas as tuas maçãs
na sua cor. Só agora
escrevendo eu sei.
Herberto Helder
pedra turquesa,
ao lado da fria cortina. Olhando, escutando
como um pássaro, onde chove.
Como só agora sei com as letras.
A chuva abre-te, o dia bate, a roupa
tropeça com as ferraduras
no meu cabelo. E só agora fazes
teu gesto com chuva, no meio das letras.
Abre-te, oh abre-te. Na cortina,
agora, a tua cabeça ao lado dos peixes -
escutando, escrevendo,
como só agora sei: o meu ramo
de violinos
Escuta: um copo, a catedral, o livro,
o candeeiro.
Eu agora sei escrevendo ao lado o fogo
da cabeça. Escuta: descasco
maçãs, como maçãs, as maçãs
aparecem na sua cor no meio - e juntam-se
entre si, e vão sonhar. Escuta:
chovendo, escutando, escrevendo.
A roupa bate no vento.
Escuta como só agora bate a cor
nas maçãs. A tua cabeça, a cortina fria.
Dou-te as letras dos peixes, escutando -
só agora, só agora.
Escutando em ti, abrindo
com a tua chave todas as tuas maçãs
na sua cor. Só agora
escrevendo eu sei.
Herberto Helder
título do post dali