la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

o milagre do peixe

saiu de casa a correr. esqueceu-se que possuía um automóvel. foi. rua abaixo. a correr, quase se poderia dizer que rodopiava. somente quando chegou à ponte se lembrou que, embora na mesma cidade, havia ainda alguns kilómetros entre ela o objecto da sua saudade insana. pensou que se danasse e atirou-se ao rio. não, não se lembrou que mal sabia nadar. nadou. chegou à outra banda. não escorreu o lodo dos cabelos. não reparou que um peixe se instalara no bolso da saia. continuou a estafa. correu. chegou a tempo, porque não havia hora marcada. não. chegou tarde. dissera-lhe o empenho, não sabia por onde começar o fim da saudade. tocou à campainha, fazendo balanço de empurrar a porta ao mesmo tempo, como quem espera ouvir o buzz que ordena abre-te sésamo. o buzz não veio. tocou de novo (não fora ter-se enganado no andar) fazendo sacudidela de empurrar a porta ao mesmo tempo, como quem espera ouvir o buzz que ordena abre-te sésamo. o buzz não veio. tocou de novo (não fora ter-se enganado no número) fazendo abalo de empurrar a porta ao mesmo tempo, como quem espera ouvir o buzz que ordena abre-te sésamo. o buzz não buzziu. abalou. fim.
Photography by Lilya Corneli

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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro