i exist
i'm a portuguese canadian-born. i'm 1.7 m tall (i hate to say 1.69). i'm not fat. i'm not skinny. i'm healthy. i'm sick. i'm an old lady. i'm a little girl. i've got brown eyes. i've got brown hair. the hair is long. the hair is kind of curly. or whatever this is. they say my skin is white. sure, i've even got genitals! i'm my mama's baby. i'm my papa's girl. i'm aunty. i'm sis. i'm a bitch. i'm unpolite. i'm dirty. i'm lazy. i'm a slob. i'm guilty! i'm moody. i'm not poor. but i'm far away from being rich. thank god! i like to say i love my middle class style of life. i get to work on time. i do what i'm told to and i do it well. weird, huh? hey! i'm even a nice person. yeah. i'm a woman. what's the big deal? not passive. though it may seem so, not agressive. i love. some love me. some people hate me. so i'm love and hate too. i'm whatever you wanna feel about me. just leave my existence in peace with my hell. don't call into it. existence. dig it?
[ the world forgetting, by the world forgot. ] [ how often hope, despair, resent, regret, ] [ conceal, disdain — do all things but forget. ]
Em marte aparece a tua cabeça -
eu queria dizer. No lugar onde
desapareceu a janela,
a cabeça de vaca de fogo, aparece
a cabeça. Onde era a cortina fria,
de pássaro escutando.
Em marte, como a roupa bate o vento,
e na terra as ferraduras batem
no meu cabelo.
Como o fogo dentro da pedra turquesa,
em marte aparece a tua
cabeça de vaca. Por detrás da fria cortina -
eu queria dizer.
Agora sei que devo saber, só.
As letras da chuva louca nas costas -
escrevendo, escrevendo.
Só, eu sei a dormir. Com um ramo
de peixes e um violino
no meio dos ll, dos mm, dos ii
da chuva.
Com meu ramo de violinos, só eu
no meio da chuva. Agora
sei que devo escrever os meus peixes.
Para ti, a tua cabeça
aparece na janela de marte em fogo.
pedra turquesa,
ao lado da fria cortina. Olhando, escutando
como um pássaro, onde chove.
Como só agora sei com as letras.
A chuva abre-te, o dia bate, a roupa
tropeça com as ferraduras
no meu cabelo. E só agora fazes
teu gesto com chuva, no meio das letras.
Abre-te, oh abre-te. Na cortina,
agora, a tua cabeça ao lado dos peixes -
escutando, escrevendo,
como só agora sei: o meu ramo
de violinos
Escuta: um copo, a catedral, o livro,
o candeeiro.
Eu agora sei escrevendo ao lado o fogo
da cabeça. Escuta: descasco
maçãs, como maçãs, as maçãs
aparecem na sua cor no meio - e juntam-se
entre si, e vão sonhar. Escuta:
chovendo, escutando, escrevendo.
A roupa bate no vento.
Escuta como só agora bate a cor
nas maçãs. A tua cabeça, a cortina fria.
Dou-te as letras dos peixes, escutando -
só agora, só agora.
Escutando em ti, abrindo
com a tua chave todas as tuas maçãs
na sua cor. Só agora
escrevendo eu sei.
Herberto Helder
[ action: to acknowledge fear on a beautiful stroll ] [ reaction: to stroll ]
Mia Friedrich
photo-based artwork
Garden in the Ceiling, World's End Girlfriend
from crudeness ripeness mellow and sanitive
and now for something completely different
de tanto bater o meu coração parou
porque as horas mudam
estes homens que explanam a minha mente por aí [ em visita ]
um como dizer
E a atenção começa a florir, quando sucede a noite
Esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
Se enchem de um brilho precioso
E estremeces como um pensamento chegado. Quando,
Iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
Pelo pressentir de um tempo distante,
E na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
Ao lado do espaço
E o coração é uma semente inventada
Em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
Tu arrebatas os caminhos da minha solidão
Como se toda a casa ardesse pousada na noite.
- E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
- não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Durante a primavera inteira aprendo
Os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
Correr do espaço -
E penso que vou dizer algo cheio de razão,
Mas quando a sombra cai da curva sôfrega
Dos meus lábios, sinto que me faltam
Um girassol, uma pedra, uma ave - qualquer coisa
extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
Que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.
Apagaram-se as luzes. É a primavera cercada
pelas vozes.
E enquanto dorme o leite, a minha casa
pousa no silêncio e arde pouco a pouco.
No círculo de pétalas veementes cai a cabeça -
e as palavras nascem.
- Límpidas e amargas.
Eis um tempo que começa: este é o tempo.
E se alguém morre num lugar de searas imperfeitas,
é o pensamento que verga de flores actuais e frias.
A confusão espalha sobre a carne o recôndito peso do ouro.
E as estrelas algures aniquilam-se para um campo sublevado
de seivas, para a noite que estremece
fundamente.
Melancolia com sua forma severa e arguta,
com maçãs dobradas à sombra do rubor.
Aqui está a primavera entre luas excepcionais e pedras soando
com a primeira música de água.
Apagaram-se as luzes. E eu sorrio, leve e destruído,
com esta coroa recente de ideias, esta mão
que na treva procura o vinho dos mortos, a mesa
onde o coração se consome devagar.
Algumas noites amei enquanto rodavam ribeiras
antigas, degrau a degrau subi o corpo daquela que se enchera
de minúsculas folhas eternas como uma árvore.
Degrau a degrau devorei a alegria -
eu, de garganta aberta como quem vai morrer entre águas
desvairadas, entre jarros transbordando
húmidos astros.
Algumas vezes amei lentamente porque havia de morrer
com os olhos queimados pelo poder da lua.
Por isso é de noite, é primavera de noite, e ao longe
procuro no meu silêncio uma outra forma
dos séculos. Esta é a alegria coberta de pólen, é
a casa ligeira colocada num espaço
de profundo fogo.
E apagaram-se as luzes.
- Onde aguardas por mim, espécie de ar transparente
para levantar as mãos? onde te pões sobre a minha palavra,
espécie de boca recolhida no começo?
E é tão certo o dia que se elabora.
Então eu beijo, de grau a degrau, a escadaria daquele corpo.
E não chames mais por mim,
pensamento agachado nas ogivas da noite.
É primavera. Arde além rodeada pelo sal,
por inúmeras laranjas.
Hoje descubro as grandes razões da loucura,
os dias que nunca se cortarão como hastes sazonadas.
Há lugares onde esperar a primavera
como tendo na alma o corpo todo nu.
Apagaram-se as luzes: é o tempo sôfrego
que principia. - É preciso cantar como se alguém
soubesse como cantar.
Herberto Helder
in Ou o Poema Contínuo
[ crossed ] [ you mean day, there will be no dessert for you ]
o milagre do peixe
pai
we bind not thee [ * The Thread of Life ] [ acknowledging Tracey Emin ]
(…) However, the essence of Tracey Emin’s work is it’s liberation from style and form what we call good design. (…) her oeuvre is basically uncontrolled and lachrymose and fickle and coquettish and driven by an immoderate, female sentiment which, by it’s very immoderation and the absence of any shame, is painful or humiliating to see or to experience in our world. By ridding herself of style, Tracey Emin has been able to penetrate into a realm of harrowing sentiment that has never been opened before in art.
(…) when a woman displays herself in the nude, it is not voyeurism but disarming candour. The intimacy can be further explored. The art o Tracey Emin is efficient and tasteless and beyond the control of style (…).
Rudi Fuchs, Sept. 2002
In Ten Years Tracey Emin
Stedelijk Museum, Amsterdam
S M A Cahiers
Tracey Emin is a professor of confessional art at the European Graduate School - Biografia
influências: Edvard Munch, Egon Schiele
poesia: Christina Rossetti - * The Thread of Life
link para alguns trabalhos de Tracey Emin:
Do you fancy a fuck?
Everyone I Have Ever Slept With 1963-95 (interior) (exterior)
Exorcism of the last painting I ever made #1 #2 #3
The Last Thing I Said to You was Don't Leave Me Here II
http://www.tracey-emin.co.uk/tracey-emin-home.html (obrigada pelo link, CSA ;) )
http://film.guardian.co.uk/news/story/0,12589,1333141,00.html
música à laia de dedicatória a Tracey Emin
pretty trees, Sandy Dillon in electric chair
i like fooling around [ serious fooling ]
near to dawn, spooky-sticky acknowledgements
Eu queria fazer uma pintura que fosse toda ela uma colagem de pinturas anteriores. Eu queria fazer uma colagem que fosse uma pintura. Eu queria pintar-me como quem se cola. Eu queria colar-me como quem se pinta.
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quando o telefone toca
i'm a sucker for spring [or is it summer?] [mabye i meant winter] [or autumn(?)] [oh gosh! i'm mixing things again!] [i'm sure i meant i'm a sucker]
comoção
a s faz anos.
simbolicamente...
é teu.
O Ofício de Viver [ ou ( s u r r e n d e r ) ]
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a menina crescia. a menina era grande. ninguém tinha dúvida disso. era grande. um dia, percebeu a dificuldade adeus. disse um adeus veemente. estranho. acerca desse adeus nunca lera em livro qualquer, nunca ouvira em canção qualquer, nunca vira em filme qualquer, nada, nem um quadro ou uma escultura alguma vez lhe deram pistas acerca desse tipo de adeus. nada. nunca ouvira falar desse adeus. essa despedida custou-lhe a existência segura em que vivia como uma menina pequena que não quer ver. uma mulher que viu a tempo de um tempo seguro e real de ter de agir na angústia da incerteza. o inadiável aconteceu, teve de crescer. minguou. vive durante este sempre, que se conta em anos, com a convicção de ter dito um adeus certeiro – o tal adeus que lhe custou a inocência. Graças a deus, diria agora uma velhinha carpideira. Palavra do senhor, repetiriam as restantes beatas.
há rostos diários que trazem consigo a realidade do possível adeus da efemeridade e do outro advérbio intenso – eternidade – a morte. a morte. a morte, por ela, nesta história não se acredita em anjos nem em deuses nem em maldições nem no destino. imaginem... essa mulher conjurou um dia contra desejos e praguejou-se. (tontarela!)
esperem! o que é que uma coisa tem que ver com outra? tolice! nesta história nem se acredita em maldições!
voltemos atrás, porque as ideias são coisas que se emaranham com as emoções e, estupidamente, com crenças que não têm espaço nesta história. dizíamos acerca da despedida e da morte, que serão, afinal, sequelas do amor(?) ah, pois é! pois é! estamos a empregar a palavra maluca – amor. o que não deixa de ser curioso, cómico até. porque não sabemos muito bem para que se usa. achamos imensa graça às conversas acerca da paixão – estar apaixonado – amor - o que são e essas coisas e assim, confabulações tão disputadas e embaraçadas que rimos.
vemos sentido em gostar. por exemplo, eu gosto de ti. . g o s t o . d e . t i . faz sentido. parece-nos real. mas, pronto! pronto! don’t kill the messenger! demos por nós a divagar no meio deste texto, pronto! e é esquisito porque, contraditoriamente, já havíamos dito que nada sabemos sobre dizer dessas coisas. adiante. falávamos de quê? (as conversas são como as cerejas… )
(fazemos scroll e vamos ali acima rever o tema disto)
(...)
já revimos o tema, afinal não há mais a dizer. é tudo encaralhado mesmo. e notável. o que vale é que podemos ler, deturpando de maneira autobiográfica, que nem a vida é mensurável, nem viver é uma tarefa. anyway, o'well, e tal e coisa, continuando a tagarelar, não iríamos deixar aqui soluções. era só para dizer que estamos cá, as margaretes todas – todinhas! continuam a tagarelar… as resoluções… sabemos lá disso! yadda yadda yadda. estou aqui. Jlá.
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musiquita: Hey Jude, interpretado por Carlos Bastos
do título do post - "O Ofício de Viver" - foi furtado a Cesare Pavese
Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.
Alberto Carneiro