la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

Ó piano de areia movediça *

X

Sobre mim cavalgas

cingindo-me os flancos

Colhes à passagem

a luz do instante//

De dentes cerrados

ondulas avanças

retesas os braços

comprimes as ancas//

Depois para a frente

inclinas-te olhando

o que entre dois ventres

ocorre entretanto//

e o próprio galope

em que vais lançada

Que lua te empolga

Que sol te embriaga//

Lua e sol tu és

enquanto cavalgas

amazona e égua

de espora cravada//

no centro do corpo

Centauresa alada

com os seios soltos

como feitos de água//

Queria bebê-los

quando mais te dobras

Os cabelos esses

sorvê-los agora//

Mas de cada vez

que o rosto aproximas

já é outra sede

que nos queima a língua//

A de nos teus olhos

tão perto dos meus

descobrir o modo

de beber o céu

David Mourão-Ferreira in Música de Cama

* verso de david Mourão-Ferreira


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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro