Nestes dias enganamo-nos, queremos ser uma pessoa melhor e por isso usamos a pessoa no plural. Blasfemamos na tentativa de exorcizar e os estigmas sentam-se a olhar-nos, directos sem soslaio. Agora que deixámos submergir a revolta, disparatamos.
Falamos do bolo e da divisão das fatias sem uma previsão irmã.
Nem por isso deixamos de ouvir o riso deles. A ânsia vem entranhada da pele e reza. (Nas membranas reside a ganância do ser melhor.)
A culpa é uma não-culpa e não podemos ser uma pessoa melhor se não pagámos o preço.
Alexander Rodchenko, Desfile da sociedade desportiva do "Dynamo", 1932