la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

o narrador

Era categórica a carência de fazer a dramatização da coisa. Como o narrador fosse daquelas pessoas que custa a perceber as coisas, através do espelho sentia uma urgência fixa de explicar, justificar-se.
Disse o narrador: Atenção, isto não é dramatizar, isto é fazer algo – é fazer dramatização; é utilizar um verbo em auxílio de um acto que não se possa ficar apenas pelo feito de dramatizar. Desculpem-me as damas e os cavalheiros se não me faço entender, segue-se a fazedura da dramatização para auxiliar as minhas satisfações perante vossas excelências.
Após os vedar dos panos, o narrador seguiu sem companhia, sem evento à posteriori. Chegado a casa, o narrador abriu o silêncio e pôs-se a discursar para os cortinados. Foi então claro e conciso, sentou-se com a máquina de escrever e escreveu. De madrugada terminou o texto da nova peça que iria, desta feita, dra-ma-ti-zar.
Sentiu-se satisfeito consigo e concluiu que as explicações são, na sua grande maioria, o mote do mal-entendido.
Dactilografou a página de rosto do texto – O MOTE DO MAL-ENTENDIDO.
Sorriu, disse baixinho e num ritmo telegraficamente dramatizado - afinal-o-mal-entendido-aqui-era-eu, e foi deitar-se com a luz do dia.


fotografia de cj


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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro