Durante os próximos dias desenharemos os planos da nossa horta. Este ano não deixaremos passar a época propícia às plantações e semeaduras, saberemos o que cultivar e com as datas devidas.
Serão as vivacidades irrequietas de dentro e para fora da casa, com a porta aberta. E cumprimentar os vizinhos que pararão à beira do nosso muro anil para obter dois dedos de atenção. Dar-lhes-emos essa atenção em quantidade de mãos, sabemos que só esperam colher dois dedos.
Os desenhos ficarão sujos de terra. O gato tentará safar-se e num instante regressará a casa abalando de algum vulto que lhe soe a ameaça. Riremos. Ajeitarei o almoço e direi “Estou ansiosa por cozinhar com o que acabámos de cultivar.”.
Quereremos, como sempre, cessar os momentos enquanto olhamos o redor em amor. Velozmente perfilharemos o dia, enxotando alguma réstia de medo.
A generosidade, não a sei explicar. São estes os desígnios que amanhamos por estes dias. Permitem-me brilhar no meio do pavor.
Sorrir não é um acto de calendário. Hei-de compor aquele vaso de que falaste, cheio de plantas suculentas. Gosto delas, são cheias. Avivam-me a memória da nossa vida. Uma casa.
foto: Dana Velden
(este texto é também sobre como é possível alguém estar nos antípodas deste espaço
e estar tão próximo a orientar-nos na força.
beijos e obrigada)