O gato não pára de falar
não lhe ladrei para que se cale
diz de tudo, diz as conveniências necessárias
à purificação destes extremos neutros
sussurro a cinza
hipóteses
vê-se o meu bafo no gelo
o gato continua, não pára
finjo-me distraída a pintar as folhas
de embrulhos
oferendas decoradas com análises
de meta-vivência
desenho mais e mais
o gato não se cala, aproxima-se
chego uma cadeira vazia para mim
sobe a cadeira num pulo
deita-se à minha beira
o gato cala-se, ronrona
desenho corações, estrelas
flores, borboletas, velas
abelhas
desenho ramagens variadas
coloridas
aves
desenho dentro do espectro que vai
de um extremo neutro ao outro
extremo neutro
na minha fórmula caseira
descanso.
* expressão surripiada à menina-limão ali
imagem surripiada ali