la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

há pistas estreitas de animal ferido pelas paredes

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onde terá começado a metalização da fala?

uma porta de alvenaria dá acesso
à eira de misteriosos e profundos limos

onde terei esquecido a cicatriz azul da escrita

uma flor invade os veios secos da pedra
incendeia-se antes de se diluir na poeira

onde terei dado de beber à melancolia da memória?

o sangue transmutado em raríssimo metal
faz do coração e das veias a possível mina

onde vibrará a selvagem luminosidade dos pulsos?

há pistas estreitas de animal ferido pelas paredes
dentro do sonho segui-la-emos ao amanhecer

onde se esconderá o diminuto rosto ainda vivo

insondáveis são as catástrofes da alma
e da loucura que já não nos prende um ao outro

que destino nos revela a mão sem linha da vida?

escuro o bater do tempo sob as pálpebras
e o terrível som da máquina de escrever

Al Berto

de «Uma Existência de Papel»: Os Dias Sem Ninguém (5), in O Medo


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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro