o frasco da água de rosas. não se tornara numa peça decorativa. não usava essa água para limpar o rosto. soltava o frasco que quando em vez. evaporava um cheiro velho da água velha de rosas velhas. a memória abria e lembrava um tempo que jamais houvera. o tempo em que cometia os actos de higiene íntima. nos movimentos automaticamente gentis de retirar uma bola de algodão que embebia na água. essa água de rosas. a bola de algodão tocaria de leve o seu rosto. enquanto se desfazia o risco negro impresso ao redor do olho. ele. encostado à aduela da porta. olhá-la-ia. como olham os homens, prazenteiros, a sua mulher. voyeur da sua mulher. era um tempo que jamais houvera. para que pranto não houvesse. era um tempo inventado num texto a ser lido por outrem. o tempo existente, era o do roubo dos nenúfares do lago da cidade. o tempo de se banhar entre folhas curandeiras. enganosa. pois deixava que a água fosse água tépida. o remédio. enjeitava-o. o remédio do banho lacrimoso. olhava. convidativa. de boca jocosa. a fingir que era somente um tempo inventado num texto a ser lido por outrem.
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