la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

'tazaver?!

os meus amigos são assim: conhecem música bonita que é um exagero! deixam-me sem palavras. completamente envergonhada. pronto. põem-me a pensar onde andei estes anos todos?! e ainda há quem reclame por eu me assumir. ouvi falar de meia-dúzia dessas músicas todas, ouvi duas ou três, conheço uma ou duas. é assim. e não consigo apanhar o comboio. é um ver-se-te-avias de música bonita que me oferecem. até um dos meus chefes, há dias, me ofereceu uma compilação linda! começo a suspeitar que tenho carimbado na testa algo como musico-ignara. não sei se há uma explicação freudiana para isto. talvez. talvez, pois frequentei aulas particulares de piano entre os 11 e os 13 anos. 1 hora, duas vezes por semana. não sei se consigo descrever a sala da minha professora era de veludo, velas e lacado preto. sentava-me com modos protocolares no banco e assumia o momento do solfejo como se se tratasse dum acto solene. ah! e o metrónomo! era tão lindo! tocava uma ou duas modas do famoso livro "Piano Mágico", esse era o momento de suplício, mas fazia-o, com a ânsia de chegar ao momento a quatro mãos... chorei e ri naquelas aulas. uma vez, tocávamos a quatros mãos (não me lembro qual a obra) e corriam tantas lágrimas que a minha professora parou e ralhou comigo. olhei para ela, incrédula. ela olhou-me de volta e fez daquelas coisas que nunca esquecemos: pediu-me desculpa. continuámos a tocar. mas essa história acabou, motivos da vida falaram mais alto. (sim, digo-me, de quando em vez, que um dia volto... um dia... ) enfim, uma história tonta a tentar explicar porque sinto estar longe duma coisa da qual é impossível fugir. agora... trazes-me mais música. e agora? o que é que eu faço? huh?! fico ali, paralisada, a ouvir e a ouvir-te ouvir. depois, entregas mais música e eu? pior! e os bichos da seda?! coitadinhos, ficam tão desorientados. eu a querer controlar as borboletas, mas já não tenho mão nelas. ficam àjovaçar àjvoaçar feitas half-crazy. e eu? eu, fico atrapalhada. com medo, até. imagina que elas me saem pelo umbigo. com a minha sorte, acontece num local público. às tantas, no trabalho. deve faltar pouco para alguém decretar a minha invalidez por insanidade musico-metamorfoseada. 'tazaver?!

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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro