la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

o tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem

e agora? pensou, ao desempacotar uma caixa do passado. encontrara um rolo por revelar. devo...? que confidências terá? talvez já tenha passado a validade, esta coisa dos químicos... durante a emulsão, pode ser que as provas se diluam. extrapolou sobre as possibilidades que o tempo oferece. as suas pernas tremiam, ao subir as escadas íngremes que a levavam ao laboratório, missão: levantar o produto final. pensava no grito não gritado. depositava expectativas no envelope que estava prestes a abrir. fantasiou emoções mil. a pressa de viver que a caracterizava obrigou-a a sentar-se nos degraus. não chegaria ao carro. não chegaria aos bancos namoradeiros do parque. foi ali. nos degraus. com a companhia do cheiro da cera velha. abriu o envelope. não teve pressa enquanto observava as provas. uma a uma. com calma de ancião. teve a certeza de que o seu fácies se manteve inalterado. fez uma selecção. colocou 3 fotografias dentro do livro que trazia na mala. o cuidado para não amarrotar o que é bonito. sorriu enquanto fechava o envelope com as restantes fotografias. o cuidado para não reter coisas inúteis. as cordas vocais mantiveram-se inalteradas. assim como o fluxo de ar. o instante seguinte: deu por si no café a beber um galão, abriu o livro, voltou a olhar as fotos que guardara. era certo que uma delas seria emoldurada. faltava poucas páginas para acabar de ler este livro. era mais um livro do qual se sentia grata por ter lido. daqui. sabe-se que a designação desse momento pode ser, por exemplo, serenidade.

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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro