Não me contes mais histórias para adormecer. Quero que o meu sono seja embalado pelos sonhos que me oprimem. E tu já não és um sonho, és real como as pedras. Quero adormecer o meu sono com as suas próprias histórias, com os sonhos que me humilham enquanto durmo acordado. Há muito que a esperança morreu dentro de mim. Há muito que celebrou a sua morte. Há muito que profanou a sua própria campa. Há muito que se revirou no caixão, no meu corpo. Já só tenho utopia, dessa utopia intranquila que nos desarma e obriga a vontade a saltar por cima da esperança. Não me contes os dias. Há muito que arderam todos os meus calendários.