la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

diagnóstico: nó de garganta

motivos vários levavam à paciência para ler os livros de Daniel Sampaio, por esses dias acabava de sair o "Lições do Abismo" que li imediatamente. o livro ainda estava por arrumar quando ela foi lá para casa. tinha 16 anos. repetia pela segunda vez o 10º ano e era certo que iria reprovar novamente. fechada como uma concha. mas os gritos, eu sempre tive a impressão de ouvir. aos 5 anos todos lhe gabavam a capacidade de boa disposição. aos 7 anos todos lhe gabavam a capacidade de sorrir ao ver chegar a casa a embriaguez. aos 10 anos todos lhe gabavam a capacidade de ajudar na lida da casa. aos 12 anos era criticada por ser preguiçosa, adolescente, digo, criticavam. [frustração. não interessa.(!?!)] aos 5 anos a sua gordurinha era graciosa. aos 12 anos a sua gordurinha era gordura. aos 16 anos a sua gordura era celulite. e. e. e. (interessa.) interessa pois! ela quis. fomos lá. ela gostou. ela disse que ouviu falar a sua linguagem. houve um alerta. cuidado! cuidado! ouvi um grito. ela nunca fugiu. fugiu. aos 16 anos, ainda, voltou e vi um sorriso diferente do que era gabado aos 7 anos. aos 16 anos, ainda, acordei-a, numa manhã qualquer - M., M. (a minha cabeça sem saber: como se diz isto?) M., o teu pai... e ela voltou. chegou a um qualquer sítio que eu nunca soube. aos 17 anos a vida afastou-nos e lá ficou o saco com a prenda, pendurado à porta, a uma porta. (um idiota qualquer disse que quando o seu deus fecha uma porta abre sempre uma janela, mas... os gordos? como saltam uma janela, os gordos?) a distância geográfica trouxe a distância do coração. aos 18 anos não fugiu. fugiu. a maioridade que a lei lhe ofereceu, aproveitou-a. aceitou-me para café (à causa de eu não lhe ter oferecido porrada). um café. um gelado. e eu só a conseguia buscar na memória, aos 3 anos a mostrar aquelas cuecas de bordados. e o meu pé colou no acelerador. nada mudou de velocidade. a Natureza não deixou (?). (impotência) o que... (?) mas. então. e depois? a vida chamou-me a afazeres da saúde familiar. (o medo voltou.) e quando virei de novo as costas, ela já não estava lá. voltou. decidiu da sua decisão. hoje decide o que a lei lhe permite. e não fugiu. e o que eu queria não conta, mas eu queria tanto que ela fugisse. as gargantas dão nós (é verdade), nessas coisas anatomia, fisiologia ou patologia, não nos ensinam isso.

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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro