Ando muito próxima do chão
(como se fora parido por mim)
não trago más notícias
apenas anuncio no chão
mais um nascimento
de emoção hipotética
ponho uma coragem
de cada vez
a autorizar o perdão
por ter aterrado.
O caminho e o chão andam, assim, longos no cansaço e nem por isso posso morrer hoje. Tenho de escrever cartas abertas para o meu testamento popular. Acasos dos julgamentos de mim.
Ainda não encontrei a solução para o milhar de histórias que passou nisto.
Não posso morrer depressa.
Mudo o tom.
Não trago más notícias, apenas este anúncio sabido.
A cachola quase se afogou para lá chegar.
São as coisas das emoções vacilantes.
São coisas do medo dentro do medo.
Coisas vulgares, portanto. Difíceis.
Não sei escolher culpados se oiço.
Sem inocência.
Assumi o namoro e casei
com as alucinações
não lhes sou desleal.
Sou mostrengo como nós
à nossa imagem inteligente.
Sem intervenções bacocas.
photo
coerência, estigmas e Monsieur Lavoisier
Pensava e escrevia e revia registos. Está tudo tão emaranhado, tanto quanto a minha cabeça que dói como se fora ela a própria dor. Não deixo que me suguem o que não há mais para sugar e logo direi stop. Penso e escrevo e revejo escrituras. Penso e engulo tudo. Se não engolir tudo nunca saberei o que ando a fazer à noite durante os sonhos rituais. Não posso parar. Espero que logo chegue rápido. Então estender-me a correr dentro da minha cabeça estas obsessões pelas quais ainda não percebi o processo empático. É importante esclarecer: #1 não sei; #2 “A coerência total é a das pedras e talvez dos imbecis” (Vergílio Ferreira); #3 penso a transformação, dizia há um ano - Porque não é um sonho, nem a falácia de um pesadelo. É a tua nudez a soldo com um pedaço a menos de inocência. És estanque no arrepio
-aragem à pele
sem abalar veloz. Abalar.
(grande celeridade)
Guardar o belo
(grande urgência)
do demais banalizado.
-aragem à pele
sem abalar veloz. Abalar.
(grande celeridade)
Guardar o belo
(grande urgência)
do demais banalizado.
esclarecimento solene
Teria de fazer os retratos das criaturas. Porém distraio-me. Faltam-me construções não-verbais. Não sei a ciência da exactidão e sou alheada nos olhos.
(teria de fazer os retratos)
Acederia falas com cada fácies que acaso me declararia consentimento. Iniciaria malabarismos para os contratos visuais. Pegaria numa craveira de metal, lápis e folha protocolar. Mediria imprecisões. Olharia cada cabeça e pescoço de revés, depois a três quartos, dianteira e perfil. Talvez ajuntasse coragem para espreitar a nuca.
Alinharia os corpos dos retratos e educaria sobre a ausência de normas.
Não é empreitada inteligível reflectir cabeças sem mandíbula e pescoços sem voz. Acredito, os esgares que vejo acontecidos, são porventura sorrisos verídicos.
(teria de fazer os retratos)
Acederia falas com cada fácies que acaso me declararia consentimento. Iniciaria malabarismos para os contratos visuais. Pegaria numa craveira de metal, lápis e folha protocolar. Mediria imprecisões. Olharia cada cabeça e pescoço de revés, depois a três quartos, dianteira e perfil. Talvez ajuntasse coragem para espreitar a nuca.
Alinharia os corpos dos retratos e educaria sobre a ausência de normas.
Não é empreitada inteligível reflectir cabeças sem mandíbula e pescoços sem voz. Acredito, os esgares que vejo acontecidos, são porventura sorrisos verídicos.
photo: anatomy lesson, Tony Ward
palavra tristesse no tempo
Agora não posso escrever isto. Não tenho tempo. (o tempo é a vontade de me levantar) As cartas restantes estão encerradas. Lambi as folhas até cortar a face em pedaços iguais às dores. (encolhi o sono até aos olhos arregalados) Fiquei quieta no corpo. Não tenho tempo para electrificar a voz, não desespero. Espero.
Estou a olhar a impotência a rodos.
(é a história toda sempre assim a circular em fórmulas que não soluciono)
Quisera abraçar a lágrima que está lançada.
Estou a olhar a impotência a rodos.
(é a história toda sempre assim a circular em fórmulas que não soluciono)
Quisera abraçar a lágrima que está lançada.
boas!
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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.
Alberto Carneiro