la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry

a falta de um poema [ O menosprezo e o brinde à paz. ]

Veio às minhas narinas o cheiro do balcão de mármore limpo da aguardente.
Não gosto do cheiro do pano que o limpou. Enjoo.
Olho para o copo (ou será um cálice? Nunca sei a nomenclatura dos cacaréus de enxoval.). Olho para o copo, os gestos corriqueiros. Inalo o álcool.
Eriçam os pêlos do meu corpo, acabado de engolir mais um. Acendo o cigarro, outro trejeito fútil. Que se lixe, nada de novo.
O que me dana é o garbo destes sítios. Deve de ser genética esta atracção. Bem, daí…
Não sei.
Custa-me um bocado a despedida.
Anseio pela partida.
- Outro, se faz favor.
Olham-me de soslaio. (sou uma carta de fora deste baralho, é mais do que evidente que é excessiva modernice uma mulher a empinar bagaços, ainda por cima encostada ao balcão) Com jeitos de gingão, aceno um brinde.
Há uma prateleira zelosa atrás do balcão exclusivamente dedicada aos ícones religiosos dos donos da taberna. Bonecos de loiça, pequenos folhetos com rezas, orações, súplicas, e preces inscritas e um colar de contas com uma cruz pendurada e o correspondente Salvador espetado. Hoje apetecia-me extravasar.


Não extravaso.


Self-Portrait with Yellow Christ, Paul Gauguin


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para ti, bonito

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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro