no. there is nothing above it. no. neither fear. some. neither fault. some. neither omission. some. many lyrics. (not to say of the books) they speak. lyrics. and to think they're dating the sound. so there are all those mistakes. in sound and words. and some well aimed things. here and there. now and then. ya have to consider the natural gap. some things just don't level to cope. despite meaning. words and eyes are nothing without arms. tenderness. kindness. born from the skins scent. perfume. becoming fearlessly unstylish (conscious act: denial of glamour). weak to strong to weak - awareness, and back again. sound brotherhood. (...) releio palavras escritas no passado recente e penso quão indecifráveis podem parecer. (são?) dúvidas de escrevente amadora. amante. escrevente por necessidade visceral. pintei. fotografei. montei peças. decifrei enigmas. toquei teclas, proibidas por mim há já 20 anos... até ao dia do abrir do cadeado - chamo-lhe o meu testemunho de futuro não utópico. voltei aos grafemas. volto sempre. todos os dias dos meus dias são povoados por estes signos que se transformam em fonemas que tentam acontecer-nos a expressão. sem oitavas nada seriam. deixo aqui a minha confissão: peno por não saber escrever um poema. há muitas peças soltas, mas não as consigo juntar de modo a soar a essa coisa que me traz alimento. a letargia toma-me quando me faço confrontar com a escrita que por aí vai. nem faço como a menina que, quando era contrariada, recolhia ao sarcófago. fico só. só. assim. a olhar aqueles conjuntos de palavras. embriagada de significação. como a menina que não sabia porque, mas gostava de pianos e de palavras e de imagens e de e de e de e de e de e de e de e de às vezes, muitas vezes, quase sempre, a menina gostava. como ela, perder as capacidades da fala e da visão, apenas saber ouvir. analogia com os requisitos necessários para carpir –emitir som e ver. ter a aptidão de dizer, como um trovador, qualquer coisa como é a tristeza de acordar e me doer os braços, as lágrimas recusarem-se a cair em torrente, ficar ali sem saber se estico os braços ou se envolvo o meu corpo desgraçado, dizê-lo sem banalidade. será este um desejo presunçoso? querer dizer o banal em beleza. como dizer estou em causa de ser ou estou cansada de me cortar em pedaços sem poder ver o sangue jorrar, sem parecer uma confissão biográfica? apenas pela escrita. escrevendo à procura, não me faço, fico em espera. como introduzir expressões que nos entram de rompante de modo a que sejam apenas isso - um poema? lembro-me de pequenas partículas que me induzem esse desejo... cinza. ashes to ashes. tristesse. eternamente sem vida, viva. ser vampira eficiente da escrita para matar o silêncio desta incapacidade poética.
...
Silêncio
Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.
Octavio Paz
poema-oferenda de uma poeta minha