la caisse du mouton
Antoine de Saint-Exupéry



Hoje saí à hora de almoço. Faz bem. Fui tratar de um assunto incómodo. A fase 1.a) correu bem. Estava tanto sol. Vi as pessoas e pensei que, de facto, há tristeza com sol. E pensei “sou uma viajante nesta hora de almoço de Inverno”. Pensei "não sei porque é que estou a centrar todo o trabalho em mim". (todo?) Depois lembrei-me que o meu trabalho se centra na expectativa e que eu sou cheia de expectativas em relação a mim. Tranquilizei-me . Vi muitas coisas que narrei para mim como se fosse a leitora. Lamentei não ter ali um computador para escrever e pensei na minha relação com o lápis e o papel.
Talvez um gravador fosse boa solução, mas rapidamente me lembrei que a senhora que viajava a meu lado no autocarro poderia sentir-se incomodada, não havia necessidade disso. Adiante.
Agora estou a fazer o jantar enquanto oiço Morelenbaum & Sakamoto porque ao final da tarde o chão da minha varanda emanava o calor acumulado ao longo do dia. Voltei a atrasar as minhas listas. Estou preocupada. Hoje li isto, Uma constitucional perturbação da vontade e uma ânsia, paralelamente paralisante, de sobre tudo dizer tudo, sem falha, falta ou fraqueza, fazem com que eu ponha em tudo o que faço uma demora que acaba por me apavorar até à acção, e que comece essa acção por um pedido de desculpas de tanto ter demorada.


Excerto de carta de Fernando Pessoa a Jaime Cortesão, in "Obra essencial de Fernando Pessoa, Cartas"



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Uma árvore é uma obra de arte quando recriada em si mesma como conceito para ser metáfora.


Alberto Carneiro